quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A Janela / Desistir

Após muito tempo estou postando dois textos.


A janela

Era como um quadro, pintado todo de preto, com pontos brancos e brilhantes, como se tivessem caído ali por acidente. Fazia com que meu quarto gelasse ainda mais, e mesmo que em dimensões pequenas, me perdia em tamanha profundidade.
Desenhava figuras ligando os pontos brilhantes, não sei se obra da imaginação, mas enxergava uma espada em um cinturão, e ao sul talvez um cruzeiro.
Me confortava não saber o que o horizonte escondia, pois sempre me surpreendia com o que minha mente fingia saber.
As horas passam e o relógio se torna tão importante para o tempo, quanto aquele cruzeiro para aquela direção.
Logo o quadro começa a desbotar, assim como a temperatura em meu quarto começa a abaixar. A medida que desbota, os desenhos somem, e as folhas pingam o orvalho.
As seis da manhã, pela minha janela agora vejo um quadro sobre o amanhecer!

Desistir!

Aí vamos nós, prontos para sonhar um mundo, e compartilhar a luta com as pessoas ao nosso lado. E é tudo o que temos, uns aos outros até que o sucesso ou o fracasso nos separe. O tempo vai passando, e a estrada que no início era apertada agora já não é mais, o fôlego que antes parecia sobrar agora falta. Sob um calor escaldante vejo a formação de um grupo de desertores, somado aos outros inúmeros que também possuem a capacidade de sonhar porem não a de lutar e realizar.
A essa altura os que comigo restam, sentem os braços pesados, e os passos curtos. A busca parece não ter fim. A lágrima salga o lábio, e agora conta-se nos dedos o número de perseguidores de um sonho.
Um a um vejo apenas as sombras, dando as costas, me deixando sozinho nessa busca. Não me permito a derrota, mas pareço abandonar a vitória, e já nem sei mais onde posso chegar.
Apenas tenho em mim que se eu alcançar meu objetivo, realizar meu sonho, não vai me fazer melhor do que ninguém, vai apenas demonstrar que não fiz o que todos fizeram.
Desistir!

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