sexta-feira, 16 de abril de 2010

Duas vezes !! huahuhuahua


A selva

Visto de longe e contra o Sol, belos morros enfeitam a paisagem, a sombra preta no Sol amarelo mesmo de longe nos passa a sensação de alívio, pelo menos até a sombra tomar verdadeira forma e a distancia for encurtada.
De perto e sem a luz para ofuscar os olhos percebo o terrível engano. Me encontro em meio a uma selva de garrafas pet, sob um gramado de vidro, papelão e jornal por onde passa um rio de chorume, lavando pegadas que vão desde o numero 23 até o 43, que ali procuram por tesouros escondidos, ou apenas esquecidos por uma civilização chamada classe média alta.No céu uma grande quantidade de aves, mas que mesmo sendo em grande quantidade é de apenas uma qualidade, todas grandes e pretas e planam pelos céus buscando por presa fácil, que na maioria das vezes chegam já abatidas e aos pedaços.A vista é embaçada, uma mistura de luz, fumaça e gases provenientes de sobras industriais.
Nas beiras dos morros moram uma civilização pouco conhecida mas muito esquecida, constroem suas casas e condomínios a base de madeira, jornal e isopor, a mesa vem ao chão, sem cadeiras para qualquer deleite, o copo é comunitário e o banquete é um saco de pão, conseguido depois de horas de expedição à selva de plástico.Sob a folha fina de caderno de onde deveria nascer o futuro, o menino se deita para dormir, usando o mesmo para se cobrir e anotar a prece.Perto dali a mãe se desespera, pois seu leite pobre e fraco em vitaminas já esta secando, e já anuncia problemas para mais nova moradora da comunidade.O pai, chefe da família com os pés cortados pela grama de vidro e as mãos furadas não por espinhos das rosas mas sim pelas agulhas do lixo hospitalar já não consegue sorrir, mas nunca contestando a existência de Deus, seu maior refúgio e esperança de que tudo a qualquer hora pode mudar.
Em meio a tudo isso o tempo passa, as rugas aparecem, a criança cresce, mas sem muita importância pois aqui os aniversários foram esquecidos, assim como natal, páscoa ou qualquer outra data comemorativa, afinal todos os dias devem ser comemorados , pois nessa selva de natureza sintética, fazer a vida fluir é uma vitória sem tamanho.


24 horas

O dia começa cedo pra quem trabalha, pra quem estuda ou pra quem sofre de insônia.
Em um dia pode acontecer muita coisa como a descoberta para doenças sem cura, um golpe de estado, uma guerra civil e porquê não o início da terceira guerra mundial.
Em um dia pode chover e fazer sol logo depois, podemos nos encontrar de bom humor ou ainda de mal com a vida, podemos simplesmente passar o dia deitado vendo as nuvens passarem, ou ainda praticar esportes.
No intervalo de um dia podemos fazer novos amigos assim como novas inimizades, podemos praticar a bondade ou nos transformar nas pessoas mais egoístas do mundo. Podemos nos encontrar em roupas comuns, ou trajados de heróis.Podemos torcer pro tempo passar rápido ou mesmo para o tempo passar devagar mesmo sabendo que ele nunca mudará sua velocidade, 60 segundos, 60 minutos, 24 horas.
Podemos ser o vilão tanto como o mocinho, podemos escrever um livro, ou apenas ler um.
Podemos amar hoje mais do que ontem e menos do que amanhã, como ser humano também tendemos a odiar, só espero que menos hoje e menos ainda amanhã.
A verdade é que o amanhã existe pra gente recomeçar, sem nenhuma guerra, em bom humor, praticando esportes e saúde, fazendo amigos, sendo generosos, virando heróis quando necessários, usando o tempo pra descobrir a cura de doenças, podemos escrever um livro e depois o ler, ser o mocinho desse livro só pra contradizer o vilão e apenas amar as pessoas independente do amanhã.
Amanhã é um recomeço para um hoje ruim, e todo por do Sol vai guardar uma história enquanto que o nascer dele iniciará uma nova!

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